Jornal de Medicina e Saúde

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23 dezembro 2005

Dia Europeu do Acidente Vascular Cerebral
Doença mata por hora três portugueses


O sedentarismo e a hipertensão são dois dos principais factores de risco para o AVC (Acidente Vascular Cerebral), alertaram os especialistas, no Dia Europeu do AVC.

O AVC (Acidente Vascular Cerebral) é a principal causa de morte em Portugal. Três portugueses morrem a cada hora devido a esta doença que mata anualmente 500 mil pessoas na Europa. Estes números foram divulgados, no dia 31 de Março, durante as cerimónias que assinalaram o primeiro Dia Europeu do AVC, uma iniciativa da Aliança Europeia, cujo objectivo é prevenir, através da informação, uma doença evitável.
A hipertensão é um dos factores de risco para o desenvolvimento desta patologia que afecta anualmente vinte mil portugueses. Importa por isso, segundo os especialistas europeus da Aliança Europeia, melhorar o tratamento da hipertensão, admitindo, no entanto, que o controlo desta doença é o maior desafio dos médicos. Isto porque mesmo sendo muitos os doentes diagnosticados, nem todos conseguem ter os valores adequados de tensão, ou seja dentro dos limites definidos. Bernard Waeber, especialista em hipertensão, explicou ao “Diário de Notícias” que é crucial usar uma combinação medicamentosa que se está a revelar eficaz no controlo da doença, e poderá aumentar para o dobro o número de doentes regularizados. Esta combinação farmacológica pode ser decisiva se considerarmos que na Europa, os níveis de controlo da hipertensão variam muito e são inferiores a 30%, valor mais elevado registado, em doentes dos Estados Unidos e Canadá. E em Portugal o cenário não é melhor, já que apenas 12% dos hipertensos têm a sua situação cínica controlada, num contexto em que quatro em cada dez portugueses sofrem de hipertensão. O drama dos números acentua-se se referirmos que menos de metade dos doentes sabem que são hipertensos. De referir ainda que o número dos que se encontram em tratamento é ainda menor, não conseguindo estes, na sua maioria, baixar os valores da pressão arterial para 14-9. “Os nossos números podiam ser melhores com uma melhor consciencialização de médicos e doentes”, esclarece Espiga de Macedo, médico do Hospital São João e investigador responsável pelo primeiro estudo epidemiológico da doença em Portugal. Acrescenta que o panorama preocupante da doença em Portugal “é sobretudo um problema de cultura e de falta de informação”.
O sedentarismo e os hábitos alimentares que exageram no sal, característicos do estilo de vida ocidental, estão na base do surgimento da hipertensão, e podem originar um AVC.


Daniela Gonçalves