Jornal de Medicina e Saúde

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05 abril 2006


Estudo publicado pelo Journal of the American Medical Association
Corte calórico de 25 por cento na dieta alimentar pode atenuar o envelhecimento

A diminuição de cerca de 25 por cento do consumo diário de calorias durante seis meses pode retardar o envelhecimento dos seres humanos, exercendo uma acção positiva ao nível de vários dos seus indicadores bioquímicos e celulares. A conclusão é de um estudo publicado, hoje, pelo Journal of the American Medical Association (JAMA).
Esta investigação é importante como ponto de partida “para futuros estudos que visem determinar os efeitos a longo prazo da restrição de calorias nos humanos e saber se essa abordagem permite prolongar realmente a duração da vida”, explicou John Holloszy, professor de Medicina na Universidade de Washington. No entanto, segundo os resultados deste estudo e daqueles que foram obtidos, a partir de outros realizados com animais, o papel da redução prolongada do consumo de calorias interfere com “certos indicadores bioquímicos ligados ao envelhecimento”.
Neste último estudo realizado por uma equipa do Centro Biomédico de Pennington em Baton Rouge (Louisiana), participaram homens e mulheres sedentários com idades compreendidas entre os 25 e os 50 anos, que reduziram o consumo de calorias em 25 por cento durante de seis meses. Após o período de seguimento desse programa de dieta alimentar, os indivíduos apresentaram níveis de insulina mais baixos em jejum e temperatura do corpo mais baixa, comparando com outros grupos testemunha, noticiou, hoje, a LUSA.
Foram igualmente aferidos menores lesões por oxidação, que são indicadores associados ao envelhecimento celular. “A redução destes indicadores bioquímicos da longevidade através da restrição de calorias apoia a teoria segundo a qual uma restrição do consumo de calorias retarda o metabolismo para além do nível correspondente a uma simples redução da massa corporal”, justificaram os investigadores. Mas, ressalvam que é necessária a realização de mais investigação mais longa, para aferir se o seguimento deste plano de dieta alimentar reduz o processo de envelhecimento das pessoas.
No editorial que acompanha o estudo, é salientada por Luigi Fontana, da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado de Washington, a relação entre obesidade e inflamação crónica. O investigador afirma que as pessoas que têm excesso de peso apresentam níveis de inflamação crónica mais elevados do que as mais magras.
Natural é que a redução de massa corporal aumente a longevidade das pessoas, dado os seus efeitos benéficos na prevenção de doenças ligadas ao envelhecimento, como a diabetes e a aterosclerose.
A mesma realidade foi percepcionada, a partir de estudos com ratos e ratinhos de laboratório realizados há mais de dez anos, que viram a sua esperança máxima de vida subir 30 por cento. Isto porque ficaram menos susceptíveis em relação ao desenvolvimento do cancro e da aterosclerose.

Daniela Gonçalves