Jornal de Medicina e Saúde

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18 junho 2006

Discriminação faz mal ao coração das mulheres

A deficiente integração das afro-americanas, nos E.UA., constitui um factor de risco cardíaco 2,5 vezes superior aos factores associados à doença cardíaca, revela o estudo norte-americano publicado na Psychosomatic Medicine.

Ser alvo de descriminação diária, mesmo que discreta, pode ser um factor de risco de doença cardíaca nas mulheres, sugere um estudo de investigadores norte-americanos, noticiado pela Reuters Health, no dia 14 de Junho.
O desrespeito ou os maus tratos sofridos ao longo de anos pelas mulheres contribuem para o aparecimento de depósitos de cálcio nas artérias coronárias, que é um sinal precoce de doença cardíaca.
Os investigadores constataram que a relação entre a exposição regular e diária à descriminação e o cálcio nas artérias coronárias era “mais forte e significativa” do que a relação entre a recente exposição e o cálcio nas artérias do coração.
São, desta forma, os níveis psicológicos desta descriminação subtil que têm um efeito cardíaco prejudicial, defendem Tene T. Lewis e os colegas da Rush University Medical Center de Chicago.
As doenças cardiovasculares matam, anualmente, cerca de meio milhão de mulheres, nos E.UA, sendo a principal causa de morte das mulheres. De salientar que as afro-americanas constituem um grupo de risco, já que apresentam taxas significativamente superiores de doença cardíaca e de morte motivada por esta patologia. Esta maior vulnerabilidade parece, segundo os investigadores, estar ligada em parte ao stress decorrente da sua condição social de mulher negra nos E.UA.
A deficiente integração destas mulheres, nos E.UA., constitui um factor de risco 2,5 vezes superior aos factores associados à doença cardíaca, como os elevados níveis de tensão e colesterol, obesidade, consumo de tabaco e idade avançada.
A resposta ao problema de saúde passa, segundo os autores, por reduzir o impacto emocional da descriminação diária nas mulheres afro-americanas, reduzindo, consequentemente, o seu risco cardíaco.
O estudo envolveu um grupo de 181 mulheres afro-americanas de meia-idade e foi publicado na Psychosomatic Medicine do número de Maio/Junho.

Daniela Gonçalves
Créditos da fotografia:
http://members.tripod.com/~TVmania/Greuben.jpg, 18 de Junho de 2006