Jornal de Medicina e Saúde

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25 janeiro 2006

Editorial

Bem-Estar individual e social
Inteligência Emocional é decisiva

A vida em sociedade exige que utilizemos "ferramentas" emocionais para ter sucesso no jogo social. A Sociologia ensina-nos que cada um tem o seu papel a desempenhar no corpo social, e que existem expectativas em relação à nossa actuação, que estão previamente estabelecidas.
Tudo isto exige-nos inteligência cognitiva, mas também emocional. Todos nós devemos ter a sabedoria de atribuír a cada itém a sua importância efectiva e não agir impusivamente, porque talvez o possamos ter aumentado na nossa mente. O discernimento está na base desta atitude que devemos adoptar. A boa gestão dos sentimentos anda de mão dada com esta capacidade de separar o importante do secundário, e o sucesso profissional poderá estar também intimamente ligado a estes dois factores. Isto porque quem não sabe participar na sociedade com inteligência emocional, não consegue relativizar, mergulhando no que não importa, e que causa sofrimento. A Psicologia explica o facto de conseguirmos ou não ser bons "jogadores", interagir de uma forma sincera, mas vigilante! Devemos pensar muito bem antes de expressarmos claramente certos traços de personalidade, sob pena de nos podermos vir a magoar, justamente devido à falta da tal "metacognição" ou autoconsciência das nossas emoções.
Daniel Goleman explica bem como funciona o nosso cérebro emocional.
É fantástica a sua explanação e ajuda-nos a descortinar os meandros da nossa mente... que apresenta duas assoalhadas: a parte emocional, por um lado, e a cognitiva, por outro.
Como bem diz este psicólogo, o domínio das emoções nada tem a ver com as nossas faculdades cognitivas e o raciocínio lógico. São assim domínios distintos e o primeiro parece, muitas vezes, bem mais rigoroso e difícil de dominar do que o segundo.
Esta inteligência emocional pode e deve ser trabalhada, mas tal requer um esforço considerável e uma grande força de vontade. Pode, no entanto, ser encarada como um desafio, e o que é a vida senão isso mesmo? Há que percorrer, gradualmente, estas etapas deste processo, e "limar" sempre que possível as nossas "arestas psicológicas", com vista a sentirmo-nos bem connosco e com os outros. Numa frase, "aprender a viver com destreza emocional".
Uma vez que me parece crucial conhecer melhor o campo do "cérebro emocional", bem como as suas regras, tenciono fazer uma entrevista a um (a) especialista versando sobre esta temática.
Daniela Gonçalves