Jornal de Medicina e Saúde

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04 janeiro 2006


Prevenção do cancro da mama
Café reduz risco de doença em mulheres com alterações genéticas BRCA1


Mulheres que sofram mutações genéticas BRCA1, que são consideradas um factor de risco para o desenvolvimento do cancro da mama, podem recorrer ao consumo elevado de café para evitar a doença, defende uma equipa de investigadores, noticiou, ontem, a Reuters Health.
Steven A. Narod, da Universidade de Toronto, e os seus colegas estudaram a associação entre o consumo de café e o risco de desenvolvimento de cancro em 1690 mulheres que constituem um grupo de risco, dado terem sofrido mutações genéticas BRCA1 ou BRCA2.
As mulheres que participaram no estudo foram seleccionadas em 40 centros clínicos em quatro países, e responderam a um questionário, que procurou obter o seu nível de consumo de café.
Os investigadores concluíram que as mulheres com este tipo de problema genético, que bebem entre 1 a 3 cafés diários vêem a sua probabilidade de virem a ter cancro de mama descer 10% face àquelas que não consomem esta bebida. E à medida que o nível de consumo aumenta, esta probabilidade de desenvolvimento de cancro da mama nestas mulheres vai sofrendo uma maior redução, a saber: as mulheres que bebem entre 4 e 5 cafés diários ficam como menos 25% de probabilidade de virem a ter este tipo de cancro do que as que não ingerem esta bebida; e as que bebem 6 ou mais cafés vêem esse risco descer 69%, face ao grupo não consumidor, revela o International Journal of Cancer, citado pela Reuters Health.
Isto porque o café tem na sua composição fitoestrogéneo que pode ser um mecanismo protector para as mulheres que têm elevada tendência genética para virem a sofrer de cancro de mama.
No entanto, os investigadores apenas encontraram uma relação entre o elevado consumo de café e a menor probabilidade de desenvolvimento de cancro da mama nas mulheres com mutações genéticas de tipo BRCA1. Ou seja, as mulheres que sofreram mutações genéticas de tipo BRCA2 não reduzem a sua probabilidade de virem a ter cancro de mama, com o consumo elevado de café.
Daniela Gonçalves
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