Jornal de Medicina e Saúde

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03 fevereiro 2006

Estudo do Medical Research Council Dunn Nutrition
Carne Vermelha pode alterar ADN intestinal e aumentar risco de cancro colorectal


O consumo elevado de carne vermelha é um factor de risco para o desenvolvimento do cancro do cólon e recto. A relação não é nova, mas, agora, cientistas ingleses do Medical Research Council Dunn Nutrition Unit, em Cambridge, reforçam-na e apontam uma causa para a existência deste factor de risco. Em causa está a mutação das células que revestem o intestino grosso, e consequentemente do ADN, aumentando a probabilidade de desenvolvimento do cancro do cólon e recto, noticiou a Reuters Health, no dia 1 de Fevereiro.
“É a primeira ligação definitiva entre a carne vermelha e o primeiro estágio no cancro”, afirmou à Reuters Health, Sheila Bingham, do Medical Research Council Dunn Nutrition Unit. O estudo foi publicado, no The Journal Cancer Research, na terça-feira passada.
A investigadora e a sua equipa verificaram que a probabilidade de desenvolvimento de cancro do cólon e recto era três vezes maior nas pessoas que comiam, regularmente, mais de duas porções diárias de carne vermelha, do que nas que comiam menos de 1 porção por semana.
Esta conclusão baseia-se no estudo das células da parede interior do cólon das pessoas consumidoras moderadas de carne vermelha, das que tinham um elevado consumo de carne vermelha ou de alimentos com fibra, e das vegetarianas.
Os investigadores constataram que o consumo de carne vermelha estava ligado ao aumento de substâncias que alteram as células de ADN do intestino grosso. Existe assim um maior risco de desenvolvimento de cancro do cólon e recto, defendem.
Esta mutação no ADN pode ser ou não corrigida naturalmente no corpo. A adopção de uma dieta composta por fibras pode ser benéfica neste processo, podendo contribuir para a prevenção da doença.
O cancro do cólon e recto é uma das doenças cancerígenas mais comuns nos países desenvolvidos. Mais de 940.000 casos são diagnosticados anualmente e cerca de 492.000 pessoas morrem da doença, de acordo com a International Agency for Cancer Research (IARC) em Lyon, França.
Os indivíduos acima dos 60 anos são os mais atingidos por esta doença. Uma dieta rica em carne e em açúcares e o sedentarismo são factores de risco.
A prevenção é a ideia-chave para a redução da prevalência e incidência do cancro do cólon e recto. Até porque, explicam os especialistas, cerca de 70 por cento de cancros colorectais podem ser prevenidos através das mudanças na dieta e na nutrição.

Daniela Gonçalves