Jornal de Medicina e Saúde

Blogue dedicado ao jornalismo em Medicina e Saúde, com artigos, entrevistas e notícias sobre investigação científica e o estado da Saúde em Portugal e no mundo.

01 julho 2006

“Desmistificar noções erradas” sobre a Esquizofrenia
Conhecer a doença para melhor integrar

A pessoa que sofre de esquizofrenia pode, com apoio farmacológico e psico-social, aprender a desenvolver actividades do dia-a-dia, explicam os especialistas da Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia

A esquizofrenia é uma doença mental, cujo quadro clínico se caracteriza pela ocorrência de alucinações, delírio, e por mudanças na capacidade de comunicação, afectos e pensamentos. A doença surge, geralmente, na classe etária entre os 16 e os 25 anos, e tem uma prevalência mundial de 1%. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem retardar a evolução da esquizofrenia e contribuir para a integração social dos doentes, mas é crucial uma maior compreensão da sociedade face à doença.
A pessoa que sofre de esquizofrenia pode, com apoio farmacológico e psico-social, aprender a desenvolver actividades do dia-a-dia, ocupando saudavelmente o seu lugar na sociedade. Para tal, é fundamental “desmistificar noções erradas”, explicam os especialistas da Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia (AEAPE), já que a doença é pouco compreendida pelos indivíduos, podendo este facto dificultar a integração social dos doentes.
Ter personalidade dividida ou múltipla é uma dessas noções erradas que importa, segundo a AEAPE, eliminar, pois não se trata de uma manifestação da esquizofrenia. Outra delas é a ideia de que o doente com esquizofrenia é violento. O que corresponde à verdade é o facto de o indivíduo com esta doença do cérebro apresentar dificuldades em ter um raciocínio ordenado e de estabelecer relações sociais normais. Alguns doentes têm dificuldade em dissociar o real do imaginário e a maioria isola-se e torna-se apática.
Apesar de não serem conhecidas as causas concretas que originam a esquizofrenia, sabe-se que a hereditariedade é um factor-chave para o seu aparecimento, e que episódios de stress a podem agravar.

Daniela Gonçalves


Comportamentos que podem ser indicadores de Esquizofrenia
Fonte: http://www.aeape.pt/live/zz_frameset.aspx (site da Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia)
Ouvir ou ver algo que não é real;
Uma sensação constante de que está a ser vigiado;
Modo peculiar ou incompreensível de falar ou de escrever;
Posturas estranhas;
Atitude de indiferença afectiva perante situações graves;
Deterioração do rendimento escolar ou do trabalho;
Alterações nos padrões pessoais de higiene e aparência;
Alteração da personalidade;
Maior isolamento das situações sociais;
Respostas irracionais, de fúria ou de medo perante os entes queridos;
Incapacidade de conciliar o sono ou de se concentrar;
Comportamento inadequado ou bizarro, sem motivação compreensível;
Preocupação extremas com a religião ou com assuntos relacionados com o oculto.