Jornal de Medicina e Saúde

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06 fevereiro 2006



Estudo do Hôpital Paul Brousse
Depressão pode ser factor de risco cardíaco

Os indivíduos deprimidos apresentam uma probabilidade acrescida de virem a sofrer de problemas cardíacos, em geral, e de paragem cardíaca, em particular. A vulnerabilidade existe, independentemente de os indivíduos apresentarem ou não factores de risco para o desenvolvimento de doença coronária, sugerem investigadores do Hopital Paul Brousse, em França, citados pela Reuters Health, no dia 2 de Fevereiro.
A relação entre a depressão e a morte relacionada com doença cardíaca foi “largamente reconhecida”, afirmou Dr. J. P. Empana e os seus colegas, no Archives of Internal Medicine. Segundo explicaram os investigadores, “esta descoberta pode reflectir, em certa medida, uma associação entre a depressão e a morte súbita, em parte, devido (aos desequilíbrios do sistema nervoso) nos indivíduos deprimidos.
Os investigadores do Hopital Paul Brousse analisaram uma base de dados de indivíduos recrutados por uma organização de saúde, em Washington. Foram estudados os casos de 2228 doentes cardíacos, que sofreram paragens cardíacas, entre os anos de 1980 e 1994, e de 4164 indivíduos saudáveis. E as conclusões confirmaram as sugestões iniciais de pesquisa. Isto porque, os especialistas aferiram que a probabilidade de os indivíduos deprimidos virem a sofrer de paragem cardíaca era 43 por cento maior do que a dos indivíduos saudáveis. A salientar, referiram os investigadores, que a influência da depressão no aumento de complicações cardíacas verificou-se independentemente do sexo, idade, e da existência ou não de doença cardíaca à priori.
A severidade da depressão parece desempenhar um importante papel na ocorrência de paragem cardíaca. Constatou-se que os indivíduos com depressão moderada tinham uma probabilidade de 30 por cento de virem a sofrer uma paragem cardíaca, enquanto que os mais deprimidos tinham mais do dobro do risco.
Tudo porque a depressão pode prejudicar o adequado funcionamento das artérias, e esta perturbação constitui a principal causa da doença coronária, defendem os investigadores. A adopção de hábitos de vida pouco saudáveis e a desvalorização da medicação, a tomar, quando já existem problemas cardíacos, podem ser factores de risco, acrescentam.

Daniela Gonçalves
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