Jornal de Medicina e Saúde

Blogue dedicado ao jornalismo em Medicina e Saúde, com artigos, entrevistas e notícias sobre investigação científica e o estado da Saúde em Portugal e no mundo.

26 fevereiro 2006



Intervenção cirúrgica gastrointestinal
Mascar pastilha elástica pode facilitar a recuperação dos doentes


A recuperação de uma operação intestinal pode ser facilitada se os doentes mascarem pastilha elástica, a seguir à intervenção. Em causa está a reactivação dos intestinos paralisados e uma melhoria das condições do doente que lhe permitem ter alta mais cedo do que o habitual. A conclusão é de um estudo norte-americano publicado na revista Archives of Surgery.
Segundo os autores do estudo, os efeitos de mastigar pastilha elástica na activação do sistema gastrointestinal são evidentes. Isto porque há uma estimulação dos nervos que facilitam a emissão de hormonas que activam o sistema gastrointestinal, explica Rob Schuster, autor do estudo e membro do Santa Barbara Cottage Hospital da Califórnia, nos E.U.A.
As conclusões do estudo basearam-se na análise de 34 doentes que, começaram a mascar pastilha elástica, algumas horas a seguir à operação ao intestino grosso, noticiou a LUSA, citada pela Saúde na Internet, no dia 24. Estes doentes conseguiram eliminar os gases acumulados antes dos que não mascaram pastilha e tiveram os primeiros movimentos de ventre numa média de 63 horas posteriores à intervenção cirúrgica. Este processo arrastou-se por mais 36 horas no caso dos doentes intervencionados que não mascaram pastilha elástica.
Também o impacto de mascar este produto teve implicações importantes ao nível da alta dos doentes submetidos à operação intestinal. Os doentes que mascaram pastilha regressaram às suas casas cerca de quatro dias depois da operação, enquanto que os outros doentes apenas tiveram alta ao fim de seis dias a seguir à intervenção.
Todos os doentes que foram analisados no estudo têm cancro e foi-lhes retirada uma parte do intestino grosso devido a uma infecção crónica.

Daniela Gonçalves

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25 fevereiro 2006



Promessa da investigação britânica
Medicamento poderá reduzir necessidade de sono a duas horas diárias

Necessitar de dormir apenas duas horas diárias poderá vir a ser uma realidade em breve, a partir do consumo de um medicamento sem cafeína, que está a ser desenvolvido por cientistas britânicos, noticiou a Saúde na Internet, no dia 22, citando a revista New Scientist.
Já há, no mercado, fármacos destinados à redução da necessidade de sono, sendo, no entanto, compostos por cafeína. A mais valia do medicamento que está a ser, agora, desenvolvido reside nesta particularidade, já que não é feito à base desta substância, tendo sido bem sucedidos os testes realizados, revelam os investigadores.
Reduzir a necessidade de sono a duas horas diárias sem efeitos negativos sobre o rendimento das pessoas, é a sua principal meta, muito embora tenham aspirações mais exigentes. Os cientistas pretendem, nos próximos anos, conhecer melhor o funcionamento do “relógio biológico humano”, com vista ao futuro desenvolvimento de medicamentos que eliminem totalmente a necessidade de sono, inclusive por vários dias.

Daniela Gonçalves

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http://erich-meier.de/media/1/20040527-dormir.jpg, 25 de Fevereiro, 2006.

21 fevereiro 2006



Estudo da Universidade de Minnesota com macacos
Células de porco podem curar a diabetes

A cura da diabetes poderá ser uma realidade daqui a 10 anos, avança Bernhard Hering, coordenador do estudo desenvolvido com macacos diabéticos, publicado na Nature Science

A diabetes poderá vir a ser curada a partir do transplante de células de porco produtoras de insulina. A conclusão é de um estudo norte-americano, publicado na revista britânica Nature Science, citada pela LUSA, ontem.
Investigadores da Universidade de Minnesota, nos E.UA., transplantaram células do pâncreas de porco em macacos diabéticos que se curaram da doença.
Peritos britânicos já tinham curado a diabetes do tipo 1 através do transplante de células do pâncreas humano. No entanto, o reduzido número de dadores conduziu os investigadores a direccionarem esforços para a cura da doença, a partir do transplante de células do pâncreas de porco.
De salientar que estas células nem sempre são aceites pelo organismo dos macacos, havendo a necessidade de se recorrer à medicação para reduzir a rejeição ao transplante. As experiências com macacos demonstraram que estes venceram a rejeição e a doença.
“Estes resultados sugerem que é exequível utilizar células de porcos para obter uma cura a longo prazo da diabetes”, afirma o director da investigação, Bernhard Hering.
Isto porque o conhecimento da resposta do sistema imunitário dos macacos ao transplante de células do pâncreas de porco abriu caminho à futura cura da diabetes em seres humanos, acrescenta.
Hering, ressalva, no entanto, que os fármacos utilizados contra a rejeição apresentam efeitos secundários consideráveis nos seres humanos, que necessitam de ser reduzidos.
A cura da diabetes em seres humanos poderá ser uma realidade daqui a 10 anos, prevê o investigador, isto claro se as experiências começarem num prazo de três anos.

Daniela Gonçalves
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Investigação nos E.UA.
Hormona responsável pela sensação de fome pode auxiliar a memória

A hormona grelina associada à sensação de fome pode melhorar a memória. A conclusão é de um estudo norte-americano publicado pela revista Nature Neuroscience, citada pela Saúde na Internet, hoje.
A grelina pode aumentar a comunicação entre os neurotransmissores, as sinapses, nas zonas do cérebro responsáveis pela memória. A descoberta pode abrir portas ao desenvolvimento de tratamentos farmacológicos que atenuem as dificuldades de memória de indivíduos com ou sem demência.
Os investigadores já conheciam os efeitos da acção desta hormona no hipotálamo, nomeadamente, o da produção da sensação de fome, muito embora, essas implicações fossem ignoradas noutras zonas cerebrais. A novidade é que se descobriu que a grelina pode desempenhar um papel importante no hipocampo, melhorando a memória.
Esta conclusão tem por base testes desenvolvidos com ratinhos criados sem o gene da grelina e com ratinhos normais, e que mostraram o impacto da existência e da inexistência desta hormona no número de sinapses no hipocampo. Os ratinhos sem grelina apresentavam um número de sinapses 25 por cento inferior à dos normais. Os cientistas constataram igualmente que, quando se injectava a hormona em ratinhos normais, havia um acréscimo de sinapses no hipocampo e uma melhoria do seu desempenho em vários testes de aprendizagem e memória.
Daniela Gonçalves

20 fevereiro 2006

Pandemia de gripe das aves poderá matar até 142 milhões de pessoas

Se houver uma pandemia de gripe das aves, esta poderá matar até 142 milhões de indivíduos e originar uma recessão económica mundial, avançam especialistas australianos do Instituto Independente de Lowy, citados pela LUSA e pela Saúde na Internet, hoje.
“No caso de um cenário extremo haveria uma recessão económica maciça, com 142,2 milhões de mortos e uma perda de produto mundial bruto de 4,4 mil milhões de dólares (3,7 mil milhões de euros)”, explicam Warwick McKibbin, analista económico e Alexandra Sidorenko, da Australian National University.
As estimativas mais optimistas relativas à eventual pandemia apontam para 1,4 milhões de mortos, e para um custo económico mundial de 330 milhões de dólares. Os países em desenvolvimento seriam os mais afectados economicamente, e os da Europa e da América do Norte os que sentiriam menos este impacto, rematam os investigadores.

Daniela Gonçalves

19 fevereiro 2006

Doenças de Inverno levam 12 mil portugueses às urgências dos hospitais

Gripes, constipações e infecções respiratórias características do Inverno, têm conduzido cerca de 12 mil portugueses às urgências dos hospitais diariamente, revelou à LUSA, a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas. Este balanço resulta do levantamento feito pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), entre o dia 8 e 16 deste mês.
A afluência destes doentes às urgências nesta época do ano está a superar as expectativas que se situavam nas 10 mil urgências diárias, no entanto, esta diferença não é preocupante. Isto porque as instituições estão a dar resposta a este acréscimo de doentes nos hospitais, explicou a responsável.
Daniela Gonçalves

18 fevereiro 2006

Implante cerebral pode facilitar o controlo dos sintomas de Parkinson

Controlar os sintomas da doença de Parkinson pode ser, agora, mais fácil, através de um implante cerebral desenvolvido por investigadores da University of Alabama, nos E.U.A. A equipa norte-americana demonstrou que as células do olho, responsáveis pela produção da levodopa, uma das substâncias mais usadas no tratamento desta doença, podem ser implantadas no cérebro com segurança e sem efeitos secundários. A conclusão resulta de testes realizados com seis doentes. O estudo foi publicado no jornal Archives of Neurology, citado pela Saúde na Internet, no dia 16.
Daniela Gonçalves

17 fevereiro 2006

Cancro da Mama mata cada vez mais homens no Reino Unido

O cancro da mama é responsável pela morte de um número cada vez maior de homens, no Reino Unido. O desconhecimento dos sintomas ou a vergonha de ir ao médico estão na base da elevada taxa de prevalência e incidência desta doença neste grupo de indivíduos. O alerta vem de Ian Fentiman, do Guy´s Hospital de Londres, e foi noticiado pela revista médica britânica, The Lancet, citada, hoje, pela LUSA.
Na origem deste problema de saúde, encontra-se a ideia de que “o cancro da mama só atinge as mulheres”. No entanto, "os casos estão a aumentar nos homens e é importante trabalhar para divulgar a informação disponível”, adverte Fentiman. Até porque a doença atinge, anualmente, 250 homens britânicos, e deste total, 70 deles morrem. Do total de casos anuais de cancro da mama, no Reino Unido, 1 por cento afecta os homens.

Daniela Gonçalves

12 fevereiro 2006



Investigação nos E.UA.
Insegurança na área residencial favorece obesidade infantil

As crianças que residem em localidades inseguras apresentam um risco quatro vezes maior de se tornarem obesas do que as que vivem em zonas consideradas seguras pelos pais ou responsáveis. O alerta vem de um estudo de investigadores da University of Michigan, nos E.UA., publicado na revista Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine.
A insegurança das localidades onde as crianças moram reduz a prática de exercício físico, nomeadamente, os jogos na rua, aumentando o sedentarismo na infância.
Foram analisadas 768 crianças em 10 regiões urbanas e rurais norte-americanas, que participaram no Estudo de Desenvolvimento Humano do Instituto Nacional de Saúde da Criança.

Daniela Gonçalves
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Estudo da Harvard School of Public Health
Café pode prevenir a diabetes de tipo 2

O consumo moderado de café ou descafeinado pode reduzir o risco de mulheres jovens e de meia-idade virem a desenvolver a diabetes de tipo 2, sugere um estudo conduzido por investigadores da Harvard School of Public Health, em Boston, publicado no jornal Diabetes Care de Fevereiro. Participaram na investigação mais de 88 mil mulheres norte-americanas.
Segundo os investigadores, a ingestão diária de um café reduz em 13 por cento a probabilidade das mulheres virem a sofrer de diabetes de tipo 2, sendo esse risco diminuído em mais de 47 por cento se o consumo diário for de quatro ou mais chávenas de café. Rob M. van Dam da Harvard School of Public Health, e os seus colegas sublinham, no entanto, que esta relação apenas se aplica ao consumo de café filtrado e instantâneo. Van Dampesar explicou à Reuters Health, no dia 9 que, apesar dos resultados do estudo, “não recomenda às pessoas que comecem a consumir café, para reduzir o risco de diabetes de tipo 2”. Isto porque é necessária a realização de mais estudos versando sobre esta relação entre café e redução do risco de desenvolvimento da diabetes de tipo 2, e nomeadamente a identificação dos tipos de café mais benéficos à saúde.

Daniela Gonçalves
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11 fevereiro 2006


Investigação E.U.A
Stress na pré-menopausa pode ser responsável por défice cognitivo temporário


A perda de memória que afecta mulheres que se encontram na fase pré-menopausica não é uma falha de memória de curto prazo. Cientistas norte-americanos caracterizam este estado cognitivo como sendo um “curto-circuito” passageiro, que dificulta a capacidade de encadeamento e aprendizagem de informações novas. Na base do problema, explicam, poderá estar o stress que atinge estas mulheres neste novo período da sua vida, noticiou a Saúde na Internet, no dia 9.
Foi no âmbito do encontro anual da International Neuropsychological Association, nos E.U.A, que os investigadores divulgaram a conclusão do seu estudo. Segundo afirmou Mark Mapstone, professor de neurologia da University of Rochester Medical Center, em Nova Iorque, as mulheres interiorizam que não se lembram de algo, porém, isso não resulta da sua capacidade de memória, mas sim da não assimilação da informação.
O receio manifestado por várias mulheres na pré-menopausa de virem a ser um grupo de risco para o desenvolvimento futuro da doença de Alzheimer, não tem fundamento, explicou a neurologista Miriam Weber, que participou no estudo de Mapstone.
Este “curto-circuito” temporário que atinge mulheres na fase da pré-menopausa pode afectar qualquer pessoa. Isto porque a ansiedade ou a depressão podem atingir indivíduos de todas as faixas etárias, e são elas as responsáveis pelo stress que origina a quebra passageira de assimilação de informação.
A investigação de Mapstone e Weber vem confirmar o que outros investigadores tinham sugerido num estudo publicado pela revista “Neurology”, em 2003.

Daniela Gonçalves

10 fevereiro 2006




Investigação no Hospital de S. João
97% das grávidas epilépticas tiveram bebés saudáveis

Grávidas epilépticas, que foram assistidas, no Hospital de S. João, no Porto, geraram, na sua maioria, (97%), bebés saudáveis. A conclusão é de um estudo realizado por neurologistas daquela unidade hospitalar, entre os anos de 1993 e 2006, noticiou a Saúde na Internet, hoje, citando a LUSA.
Segundo afirmou Isabel Pires, neurologista responsável pelo serviço de consulta especializada do Hospital de S. João, num debate na Faculdade de Medicina do Porto, das 200 parturientes que foram assistidas, nesta unidade, desde 1993, 194 geraram bebés saudáveis.
Apenas três por cento das grávidas com epilepsia que deram entrada no Hospital de S. João, durante estes 13 anos, tiveram bebés com malformações congénitas, referiu. A existência de “outros problemas”, a par da epilepsia, “multiplicaram os riscos” das restantes seis mulheres. Deste total, cinco tiveram de abortar, devido a malformações dos fetos, sublinhou a especialista. Na sua óptica, isto não é de estranhar, visto que estas mulheres têm sempre o dobro do risco de virem a ter complicações na gravidez, face às outras saudáveis. No entanto, segundo a evidência empírica, na maior parte das vezes, todo este processo neo-natal processa-se bem e nascem bebés saudáveis. E ressalvou que o acompanhamento do médico e o ajustamento da medicação à situação da gravidez, são cruciais para que as grávidas epilépticas tenham uma gravidez saudável.

Daniela Gonçalves
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08 fevereiro 2006


Maioria dos casos de Alzheimer têm origem genética

Factores genéticos explicam pelo menos 80 por cento dos casos de doença de Alzheimer, revela um estudo de investigadores da Universidade da Califórnia do Sul, nos E.UA, que analisaram 12 mil pares de gémeos. As conclusões questionam a influência de factores ambientais no desenvolvimento desta doença neurodegenerativa.

07 fevereiro 2006

Agenda-Setting

Próximas Entrevistas:

À Professora Isabel Santana, neurologista nos Hospitais da Universidade de Coimbra
- Tema - Doença de Alzheimer

Ao Professor Alexandre Castro-Caldas, neurologista no Hospital de Santa Maria
- Tema - Doença de Parkinson

06 fevereiro 2006



Estudo do Hôpital Paul Brousse
Depressão pode ser factor de risco cardíaco

Os indivíduos deprimidos apresentam uma probabilidade acrescida de virem a sofrer de problemas cardíacos, em geral, e de paragem cardíaca, em particular. A vulnerabilidade existe, independentemente de os indivíduos apresentarem ou não factores de risco para o desenvolvimento de doença coronária, sugerem investigadores do Hopital Paul Brousse, em França, citados pela Reuters Health, no dia 2 de Fevereiro.
A relação entre a depressão e a morte relacionada com doença cardíaca foi “largamente reconhecida”, afirmou Dr. J. P. Empana e os seus colegas, no Archives of Internal Medicine. Segundo explicaram os investigadores, “esta descoberta pode reflectir, em certa medida, uma associação entre a depressão e a morte súbita, em parte, devido (aos desequilíbrios do sistema nervoso) nos indivíduos deprimidos.
Os investigadores do Hopital Paul Brousse analisaram uma base de dados de indivíduos recrutados por uma organização de saúde, em Washington. Foram estudados os casos de 2228 doentes cardíacos, que sofreram paragens cardíacas, entre os anos de 1980 e 1994, e de 4164 indivíduos saudáveis. E as conclusões confirmaram as sugestões iniciais de pesquisa. Isto porque, os especialistas aferiram que a probabilidade de os indivíduos deprimidos virem a sofrer de paragem cardíaca era 43 por cento maior do que a dos indivíduos saudáveis. A salientar, referiram os investigadores, que a influência da depressão no aumento de complicações cardíacas verificou-se independentemente do sexo, idade, e da existência ou não de doença cardíaca à priori.
A severidade da depressão parece desempenhar um importante papel na ocorrência de paragem cardíaca. Constatou-se que os indivíduos com depressão moderada tinham uma probabilidade de 30 por cento de virem a sofrer uma paragem cardíaca, enquanto que os mais deprimidos tinham mais do dobro do risco.
Tudo porque a depressão pode prejudicar o adequado funcionamento das artérias, e esta perturbação constitui a principal causa da doença coronária, defendem os investigadores. A adopção de hábitos de vida pouco saudáveis e a desvalorização da medicação, a tomar, quando já existem problemas cardíacos, podem ser factores de risco, acrescentam.

Daniela Gonçalves
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05 fevereiro 2006

Doença de Parkinson
Dificuldades do controlo do cérebro sobre o sistema motor


Indivíduos com mais de 50 anos são os mais afectados pela doença de Parkinson, afirmam os investigadores do National Institute of Neurological Disorders and Stroke

A doença de Parkinson faz parte das doenças designadas desordens do sistema motor, que resultam da perda da produção de dopamina das células do cérebro. Tremor nas mãos, nos braços, ou noutras partes do corpo, rigidez, lentidão de movimentos, dificuldades de equilíbrio e coordenação são, segundo o National Institute of Neurological Disorders and Stroke, os principais sintomas de Parkinson.
Com o evoluir da doença, os doentes podem ter dificuldades de locomoção, ao nível da conversação, ou da realização de tarefas primárias. De salientar que a evolução da doença difere de doente para doente. O tremor que caracteriza a sintomatologia dos doentes com Parkinson, acaba gradualmente por afectar o desenvolvimento das suas actividades diárias.
Esta realidade de perda progressiva de capacidades pode originar outros sintomas, tais como, depressão e outras alterações de humor, dificuldades em engolir, mastigar, e falar, problemas urinários ou obstipação, problemas dermatológicos, e sono irregular.
O diagnóstico da doença de Parkinson não pode ainda, actualmente, ser realizado, a partir de exames de sangue ou testes laboratoriais, mas sim através da história clínica e do exame neurológico. A doença de Parkinson não é fácil de ser diagnosticada, e isto implica que os médicos peçam aos doentes que realizem análises neuronais ou testes laboratoriais, para despistar outras doenças neurológicas.
Ainda não são conhecidas as causas definitivas para a doença de Parkinson, sendo, no entanto, apontados factores ambientais, tais como as toxinas, como possíveis factores de risco.
Os indivíduos com mais de 50 anos são os mais afectados por esta doença neurológica, que não tem cura, mas cujos sintomas podem ser atenuados com a utilização da medicação, defendem os investigadores do National Institute of Neurological Disorders and Stroke.

Daniela Gonçalves

03 fevereiro 2006

Estudo do Medical Research Council Dunn Nutrition
Carne Vermelha pode alterar ADN intestinal e aumentar risco de cancro colorectal


O consumo elevado de carne vermelha é um factor de risco para o desenvolvimento do cancro do cólon e recto. A relação não é nova, mas, agora, cientistas ingleses do Medical Research Council Dunn Nutrition Unit, em Cambridge, reforçam-na e apontam uma causa para a existência deste factor de risco. Em causa está a mutação das células que revestem o intestino grosso, e consequentemente do ADN, aumentando a probabilidade de desenvolvimento do cancro do cólon e recto, noticiou a Reuters Health, no dia 1 de Fevereiro.
“É a primeira ligação definitiva entre a carne vermelha e o primeiro estágio no cancro”, afirmou à Reuters Health, Sheila Bingham, do Medical Research Council Dunn Nutrition Unit. O estudo foi publicado, no The Journal Cancer Research, na terça-feira passada.
A investigadora e a sua equipa verificaram que a probabilidade de desenvolvimento de cancro do cólon e recto era três vezes maior nas pessoas que comiam, regularmente, mais de duas porções diárias de carne vermelha, do que nas que comiam menos de 1 porção por semana.
Esta conclusão baseia-se no estudo das células da parede interior do cólon das pessoas consumidoras moderadas de carne vermelha, das que tinham um elevado consumo de carne vermelha ou de alimentos com fibra, e das vegetarianas.
Os investigadores constataram que o consumo de carne vermelha estava ligado ao aumento de substâncias que alteram as células de ADN do intestino grosso. Existe assim um maior risco de desenvolvimento de cancro do cólon e recto, defendem.
Esta mutação no ADN pode ser ou não corrigida naturalmente no corpo. A adopção de uma dieta composta por fibras pode ser benéfica neste processo, podendo contribuir para a prevenção da doença.
O cancro do cólon e recto é uma das doenças cancerígenas mais comuns nos países desenvolvidos. Mais de 940.000 casos são diagnosticados anualmente e cerca de 492.000 pessoas morrem da doença, de acordo com a International Agency for Cancer Research (IARC) em Lyon, França.
Os indivíduos acima dos 60 anos são os mais atingidos por esta doença. Uma dieta rica em carne e em açúcares e o sedentarismo são factores de risco.
A prevenção é a ideia-chave para a redução da prevalência e incidência do cancro do cólon e recto. Até porque, explicam os especialistas, cerca de 70 por cento de cancros colorectais podem ser prevenidos através das mudanças na dieta e na nutrição.

Daniela Gonçalves